Ogún é talvez, o maior exemplo do sincretismo mundial. Nasce na África como Ogún, passa pela Grécia como Ares, que na sua figura espartana era Enialao, e recebia como Ogún africano sacrifício de cães; e Hefesto. Vai à Roma como Marte, chega à Lituânia como Kalvellis e encontra o cristianismo como São Jorge da Capadócia. Na verdade, uma entidade guerreira evocada em tempos de guerra.
São Jorge é reconhecidamente um dos santos católicos mais
populares do Brasil. Uma das maiores devoções, principalmente no estado do Rio
de Janeiro e na Bahia. É o padroeiro e protetor de um dos mais populares clubes
de futebol do Brasil, o Corinthians Paulista. Um santo adorado e cultuado tanto
no catolicismo, quanto na Umbanda, onde é sincretizado com o orixá Ogún.
Entretanto poucos sabem que este santo popular no Brasil,
padroeiro de importantes nações como a Inglaterra e Turquia, na verdade não é
mais um santo do cânon católico. Ou seja, perdeu seu status de santo durante o Concílio
Vaticano II, realizado sob a liderança do Papa Paulo VI entre os anos 1962 e
1969. Isto porque, uma comissão neste, que foi o mais importante congresso
eucarístico da Igreja do Século XX, foi incumbida de analisar a veracidade e a
comprovação da existência de muitos santos que, por devoção popular, e pelo
fato da Igreja Romana ter sido construída e constituída sobre as ruínas do
Império Romano, poderia ser somente incorporação de deuses pagãos, ou mesmo mitos
Greco-romanos. E junto com mais de 100
santos na mesma condição de lendas, o querido São Jorge acabou por entrar no
bojo da cassação e perdendo o seu mandato de santo.
Os mais devotos nem mesmo querem saber deste fato. Ora, São Jorge é São Jorge, o Guerreiro, e
santo ou não santo, “Salve Jorge”.
Entretanto, muitos que nem mesmo atentarariam para este fato
não pararam para perceber porque as igrejas em honra a este santo não mais
existem, sendo pouquíssimas no Rio de Janeiro, e em São Paulo somente uma
capela dentro do clube do Corinthians, no parque São Jorge. E se o Brasil ainda
tem um resquício do culto a Jorge da Capadócia permitido deve-se a um pedido
pessoal do Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo,
corintiano fervoroso ao papa Paulo VI. Entretanto, nos outros países o guerreiro
de Lida e matador de dragões ficou nos livros de história ou confinado na lua
mesmo.

Entretanto, como um santo mitológico conseguiu chegar ao
século XX com tanto fervor em todas as religiões cristãs do mundo, posto que na
Igreja Católica Armênia e Ortodoxa Grega ele ainda goza dos seus privilégios
canônicos. Como então este culto permaneceu com tanta força, fazendo com que
Jorge da Capadócia chegasse até o ponto de ser o padroeiro de países tão
importantes como a Grã Bretanha? É que Jorge é um dos únicos que caminharam
desde os primórdios da humanidade com as mesmas características e cultos. A sua
liturgia começa justamente na África, como um Orisà Emorá chamado de Ogún Oni-Iré entre os Yourubanos, ou
seja, Rei dos Irès, vai aos povos Bantus como Roxo-Mucumbo (Kassange) e Macumbé
(Kibindo e Oviobundo e Muxincongo). E de alguma modo parte para a Europa em
diversas formas. Entretanto com cultos idênticos. Passa pela Grécia como Ares,
que na sua figura espartana era Enialao, e recebia como Ogún africano sacrifício de cães, e Hefesto. Vai à Roma como Marte,
chega à Lituânia como Kalvellis e encontra o cristianismo como São Jorge da
Capadócia.

No Brasil, São Jorge é um dos santos mais queridos. Muito
pelo fato do povo possuir características lutadoras, um povo que teve que
superar vicissitudes e todo o tipo de preconceito para se tornar o mais cosmopolita
de todo o Planeta. Um povo que, como o culto de Jorge acolhe a cultura e o
saber de todo o mundo. Além do fato de, ser a Umbanda talvez a maior
responsável pelo sucesso de São Jorge no Brasil. É ele o santo-Orixá mais
popular e querido na Umbanda Sagrada. Jorge e Ogún são, sem dúvida alguma a dupla santo-orixá mais querida do
Brasil, e assim será. E mais ainda sabendo que, esta dupla não é simplesmente
um Ogún.
sincretismo criado nas senzalas como São Sebastião-Oxossi, Santa
Bárbara-Yansã ou São Jerônimo-Xangô. São Jorge realmente, pela sua hermenêutica
antropológica e teológica é verdadeiramente Então, Salve Jorge, com todas as razões e motivos, e Ogún -Yé- Patakori-Aowndeji!
Querida Katia Soares, muito bonito seu texto, sobre Sao Jorge. Poren quero te informar que e uma ofensa este Sincretismo nos anos de hoje, depois de dois seculos de libebrtaçao dos escravos. Minha filha Ogun nunca foi Sao Jorge. Muito menos Sao Jorge foi na Nigeria. Ogun e uma divindade que desceu do ceu. Por favor nao publique coisas erradas.
ResponderExcluirOlá... Primeiramente o texto não é de autoria de Kátia, e de minha autoria. Segundo em nenhum momento eu disse que Jorge da Capadócia foi á África ou foi como tal consagrado ao culto yorubano. O que digo é que o seu culto se sincretizou no decorrer dos séculos por associação ideológica.
ExcluirUm grande abraço. Que Babami Igbualamu te cubra de prsperidade.
Tata Zezinho França do kabilah
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