Quando acaba o candomblé, em muitas casas os presentes já se
achegam ao pé dos atabaques e começam nas palmas cantar um samba de roda, seja
para pedir a bebida “sem beber não, sem beber não vou para o samba, sem beber
não canto não”, ou para lançar um galanteio para uma pretendente, “o que é que
eu dou, o que é que eu dou para esta mulher, se eu dou dinheiro ela não quer,
se dou amor ela não quer” ou mesmo para mandar um recado desaforado para
alguém, “Nem bem empenou quer voar, nem bem empenou quer voar”. Sabendo que
pode ter uma boa resposta: “corta a asa do pavão que ele quer voar...”.
Enfim,
este o nosso querido samba de roda, a primeira manifestação brasileira de
música, e dele sairá a tal herança bendita de todos os estilos musicais que
darão ao Brasil o título de País mais musical do Planeta.
Historicamente este
estilo musical tradicional afro-brasileiro é associado a uma dança, que
por sua vez está associada à capoeira. É tocado por um conjunto de
pandeiro,atabaque, berimbau, viola e chocalho, acompanhado principalmente por
canto e palmas.
Patrimônio Imaterial
O Samba de Roda, no Recôncavo Baiano, designa uma mistura de
música, dança, poesia e festa. Presente em todo o estado da Bahia, o samba é
praticado principalmente, na região do Recôncavo. Mas o ritmo se espalhou por
várias partes do país, sobretudo Pernambuco e Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro,
já na sua condição de Distrito Federal, se tornou conhecido como a capital
mundial do samba brasileiro, porque foi nesta cidade onde o samba evoluiu,
adquiriu sua diversidade artística e estabeleceu, na zona urbana, como um
movimento de inegável valor social, como um meio dos negros enfrentarem a
perseguição policial e a rejeição social, que via nas manifestações culturais
negras uma suposta violação dos valores morais, atribuindo a elas desde a
simples algazarra até a supostos rituais demoníacos, imagem distorcida que os
racistas atribuíram ao candomblé, que na verdade era a expressão religiosa dos
povos negros, de inegável importância para seu povo.
Histórico
O samba teve início por volta de 1860, como manifestação da
cultura dos africanos que vieram para o Brasil. De acordo com pesquisas
históricas, o Samba de Roda foi uma das bases de formação do samba carioca.
A manifestação está dividida em dois grupos característicos:
o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam
enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem
início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba no meio da roda ao
som dos instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto
dois solistas e o coral se alternam no canto.
O samba de roda está ligado ao culto aos orixás e caboclos,
à capoeira e à comida de azeite. A cultura portuguesa está também presente na
manifestação cultural por meio da viola, do pandeiro e da língua utilizada nas
canções.
Gravações de samba de roda estão à disponibilidade nas vozes
de Dona Edith do Prato, natural de Santo Amaro da Purificação, ama de leite dos
irmãos Velloso, e amiga de Dona Canô. Dona Edith tocava música batendo faca num
prato, do que provém o apelido e sua música ainda é respeitada. O CD Vozes da
Purificação contém sambas de roda, na maioria de domínio público, cantados por
Dona Edith e o coral Vozes da Purificação.
Outra cantora está fazendo grande sucesso baseada no samba
de roda e na cultura popular do Recôncavo é Mariene de Castro, com o CD Abre
Caminhos, no que interpreta músicas de Roque Ferreira e outros compositores,
com arranjos onde é possível apreciar o profundo conhecimento da cantora.
Mariene já cantou com Daniela Mercury, Beth Carvalho e outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário